novembro 28, 2009

ela, a porta

ela assim, em transparente
com olhos de água, desejou-te
viu-te despida e atraente
pediu com jeito para tocar-te
num abrir-fechar muito insistente

teus seios duros, tentadores
teu corpo imenso de saudade
chegou a ela em movimento
beijou o frio por um momento
em sexo ardente de divindade

ficando branca de emoção
com pranto denso e escorrido
pediu teu colo aquecido
deu-te um sorriso perdido
sentiu bater teu coração






novembro 21, 2009

aluna de nove...

... aluna dedicada… sempre foi assim. Naquela manhã de sedes de sexo vi-te já nua envolvida em instruções escritas de prazeres. Estudavas pormenores de posições adequadas a uma cadeira que completava o ambiente do quarto e abria apetites e vontades. Cadeira do sexo, cadeira ondulada onde o corpo se encaixa navegando em mares de cheiros eróticos e de couro. Estudavas atentamente e absorvias prazeres borrifados no teu corpo ansioso. O teu sexo com púbis de novo desenho excitante, começava já a lacrimejar gozos entre pernas e não resististe mesmo a tocar-lhe enquanto contavas as nove posições apresentadas. Nove vezes, nove toques, nove posições que colocavam cada sentido em alerta. As nove posições que abriam o teu sexo para mim e o expunham em tentações irrecusáveis. As nove posições que naquela manhã de sexo voaram do nosso imaginário e pousaram naquele quarto de motel.






novembro 14, 2009

bateram à porta...

... para te ver. Nua. E assim cumpriste os desejos de quem te tinha desejado. De quem tinha espalhado olhares pelo teu corpo durante o café da manhã, tocando-te com pensamentos de pele beijada. Tu provocas. Barras manteiga numa torrada quente que escorre em dois dedos teus. Tu provocas, lambendo-os com um sorriso que pousa na mesa do lado, adoçando o chá que se bebe em goles demorados e que se entorna em reacção ao inesperado. Tu provocas: um guardanapo que cai propositadamente e apanhas de seguida, distraidamente com movimento de libidos matinais. Deixas brecha em decote que generosamente expõe os seios, fazendo mexer sentidos. Tu provocas, e nua abres a porta expondo-te, cumprindo promessas esboçadas durante o pequeno-almoço. Bateram à porta e mostraste-te numa nudez que se espalhou pelo corredor em ondas que encheram espaços vestidos de vazios. Bateram à porta, não era ninguém, mas tu provocas.





novembro 04, 2009

era um filme a preto e branco...

... onde o teu corpo violava regras, aparecendo a cores. O xadrez das paredes ficou impossível de jogar. O preto invadiu o branco deixando somente a perpendicularidade alva de linhas em cruzamentos sem semáforos – era um filme a preto e branco. O branco, esse, fugiu diluindo-se em cortinas de plástico depois de feroz perseguição. Marcas são visíveis. Linhas de tiros negros, rasantes inter cortados, vêem-se em traços rectos que espreitam o teu corpo, os teus seios, a tua pele apaziguadora de uma guerra descolorida e pobre. Tu, assim nua, como um anjo, entraste devagarinho em cena, miraste-te ao espelho mostrando-te imperial e segura. Reparei mesmo que tudo em volta se agitava. A luz tremulava excitada sobre o espelho, a escova erecta ansiava por te beijar, o sabonete deixava cair as primeiras gotas e eu próprio aguardava pacientemente o momento em que molhada gritas: ACÇÃO!